quarta-feira, 11 de junho de 2014

Pedal Boss PS-3


Como não sou ligado em pedais de efeito e gosto apenas de um ou outro, não sou tentado a compra-los, pois sei que terão pouca utilidade para mim. Mas gosto desses pedais que tem vários recursos (quando funcionam, é claro) e uma vez comprei um PS-3 Digital Pitch Shifter / Delay, da Boss que era bem interessante. 
Seu set de botões eram.: Um de balanço, para vc mixar o efeito com a guitarra limpa, dois de Pitch, ( F.Back e D.Time) que também eram usados para as outras regulagens, como com o Delay, o Chorus, Flanger... e um quarto botão, (Mode) que era o seletor dos efeitos com 11 opções.
Além das entradas normais, ele tinha entrada para um pedal de volume (expressão) e acesso assim, ao efeito Whammy.

Com alguns recursos, o que mais gostei, até porque estava interessado em ter um pedal específico para isso, era sua sessão de Pitch. Na realidade duas sessões que você podia usar separadas ou juntas. Fiz muitas harmonias loucas brincando com os intervalos. Já para solos era complicado, exceto se fosse um solo pronto...de improviso ficava uma bagunça só, pois o pitch dele não era inteligente.

Entre as opções de regulagens que ele tinha, destaco o Chorus que era sensacional. Sutil e harmonioso, como eu gostava. Regulado para soar como um Flanger, também se saía muito bem.
Ring Modulator era outro efeito disponível.
Ele tinha uma regulagem onde descobri que não resultava em efeito, mas mudava drasticamente o timbre da guitarra.
Por exemplo...se sua guitarra estava regulada bem aguda, colocando nessa posição..que tenho uma leve lembrança que era no 10, do botão de seleção..enfim, de agudo sua guitarra ficava com um médio grave profundo. Para brincar nos solos era bem interessante.

Este pedal tinha dois pontos que considerei críticos.
Sua sessão de Delay deixava a desejar. Nunca consegui uma boa regulagem...ta certo que sou meio anta com regulagens de Delay, mas não tanto que não consiga por uma que me satisfaça.

O outro ponto crítico, foi o que me fez desistir dele.
O raio de um atraso, cuja única forma de disfarça-lo era com o botão Balance. Você tinha que colocar a mixagem da guitarra limpa, com a com o efeito no mínimo do efeito..no limite mesmo.
E mesmo assim o atraso não sumia, só ficava camuflado.
Tirando isso, era um pedal útil e cheio de recursos, que nem explorei a fundo, mas no tempo em que estive com ele, vi que ele ainda tinha algumas cartas na manga...mas tinha que fuçar e eu nunca tive muita paciência pra isso.

sábado, 7 de junho de 2014

Amplificador Marshall Valvstate VS65R

Testei o Marshall Valvstate VS65R de um amigo meu..Jorge Pra. A primeira coisa que preciso gostar em um amplificador, é seu timbre. Se gosto do timbre dele, é porque sei que vou conseguir chegar próximo do meu timbre. Levando-se em consideração, que você já tenha seu timbre na cabeça e saiba como chegar nele, ou próximo dele. Chegar nele realmente, só quando você acha o amp certo.

Ele tem um clean bem bacana, com bastante definição, versatilidade e a tradicional tendência para os agudos. Senti um pouco de falta de graves, mas nada grave rs.

O canal limpo tem controles de grave, médio e agudo, uma chavinha para mudar de canal e uma outra chamada Tone Shifter que da uma leve emagrecida no som, sem perder o ganho ou a côr, muito útil para quem gosta de explorar timbres mais leves.

No canal sujo os controles são:
Ganho, graves, um potenciômetro de Contour para acentuar como um todo a regulagem que você fizer, para dar uma compensação a sonoridade final, ou dar uma aveludada no som ou o contrário, deixar mais aberto... mais um controle de agudos e neste canal, não tem controle de médios.
Volume master, FX Mix e reverber.
A distorção é bem parruda e na falta de um pedal de driver, você tem nela uma boa opção para os solos e bases sujas.

Em sua parte traseira tem entradas para Headfone, footswitch, Fx Loop (send e return) e uma saída Line (out)

Usa um falante Marshall Gold back de 12 polegadas.
A construção do gabinete é excelente, bem desenhada e robusta, o que te da uma boa ambiência final de resposta sonora. Uma caixa bem projetada e construída, faz uma imensa diferênça no som de qualquer amplificador.

Isso me fez lembrar uma caixa que usei e que me fez a partir daí, ficar atento a isso.
Estava tocando em uma churrascaria (meu calvário) e o dono da aparelhagem apareceu com uma caixa de 4 falantes de 12 polegadas, que era uma cópia vagabunda de uma caixa Marshall.
De cara eu estranhei o peso dela. Uma caixa com 4 alto falantes de 12, mais a madeira, normalmente tem um peso considerável e essa era uma pena. Conforme fui tocando nela, comecei a reparar que ela simplesmente não respondia. Não tinha graves, não tinha ambiência, o timbre era pobre e também não tinha volume...o som não rendia. Por curiosidade em um ensaio abri a caixa. De cara notei que a madeira usada era um lixo, frágil e não era madeira que se usa em caixas. Reparei olhando com cuidado, que ela não tinha o mesmo tamanho de uma caixa Marshall original. Tirei as medidas e comprovei depois com uma caixa verdadeira de um amigo. A marca dos falantes nem me dei ao luxo de prestar atenção...eu sabia que não prestavam, até porque o som que eu tirava com ela era uma lástima.
Como a caixa não era minha, nem coloquei minhoca na cabeça do dono. E ainda bem que ele não me pediu opinião sobre, pois eu sou bem sincero nessas horas.
Enfim, isso serviu para eu aprender que uma caixa acústica tem uma imensa responsabilidade no som final de um amplificador. Uma caixa mal projetada, com madeira inadequada... você pode ter o alto falante que for, que ele não responderá a contento e um desavisado pode até achar que o problema seja o alto-falante. Não se iluda...o gabinete de seu amplificador, a caixa externa que você usa...pode fazer teu som ficar firinfinfin e te deixar imensamente insatisfeito, vai depender se quem o construiu sabia o que estava fazendo e da importância que o conjunto tem no todo.

Esse Marshall VS65R, é um amp versátil e responde bem, creio, em qualquer estilo musical...não o achei específico a som nenhum e isso é ótimo.
Esse meu amigo, tem também um outro Marshall mais recente e será o próximo da lista.


quinta-feira, 22 de maio de 2014

Amplificador Fender Frontman 25R

Fender Frontman 25R.

Seguindo a idéia de amplificadores (transistorizados) de pouca potência, com um som decente, práticos e de baixo custo, mais um pequeno valente é este Fender Frontman 25R. Já tive um e toquei muito com ele em barzinhos, raramente precisando microfonar. Para um transistorizado de 25 watts, a potência dele é bem real. Nunca precisei chegar no 7, no volume dele. Atualmente ensaio com uma jam band e uso um outro desses. Tocamos alto e no máximo coloco no 5.

É um amplificador simples como todo amp deve ser. Um canal limpo, outro sujo e reverber...basicamente.
Tem entrada para footswitch, fone de ouvido e para uma outra caixa de 8 ohms, o que é excelente se você quiser um som mais aberto, com outra ambiência. Você usando outra caixa, o falante dele não atua.

O som dele como todo Fender, é clean e brilhante e não decepcionará quem esta a procura de um timbre clean real de guitarra. Ele da a sensação de que já vem timbrado com as características que estamos ouvindo e é o que acredito que aconteça com todos os amps.
Traduzindo... ele já vem com um certo agudo, um tantinho de médio e algum grave. Então você pode acrescentar mais de tudo com os controles de agudo, médio e grave, mas não diminuir desse ponto em que ele já vem regulado. Os controles não zeram, entende? Nosso timbre geralmente depende disso...de zerar os controles.
Mesmo assim, a gente se vira e chega próximo..é assim com todo amplificador.

Seu canal de driver:
Não sou de usar pedais e a maioria das vezes tenho usado apenas a distorção do amp...que regulada direito não desaponta.

O reverber dele não soa musical e atuante como o de outros Fender. Da aquela leve colorida no timbre, mas no caso do Frontman, ele tira um pouco o corpo do som...fica mais magro...e não compensa perder peso em função de um muito leve embelezamento do timbre...mesmo assim, se quiser aquele coloridinho ele esta ali. E o recurso reverber, em si, funciona direito e sem surpresas.

Usa um falante Fender de 10 polegadas e é onde me desagrada certos amps.
Não gosto do timbre que apenas um falante de 10 me dá...sempre puxará para o médio agudo. Já reparei isso em outros amps que tive ou toquei, de outras marcas também e que usavam um falante de 10. Eles se parecem neste quesito. Com um falante de 12 já soam um pouco mais agradáveis e maleáveis...apesar da característica do amplificador sempre estar presente.

É um amplificador que não te deixará na mão. O que tive, este que uso e que já ralou muito também...não tenho do que me queixar. Você tendo os cuidados naturais, talvez o único em especial seja com o jack de entrada, que não é muito resistente.

Aqui no blog tem vídeos-audios comigo tocando com a banda Venia e estou usando ele. Em um dos audios, ele e guitarra, só. No outro, ele com uma distorção que programei em uma Zoom. Da pra ter uma boa idéia de como o bichinho responde. 

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Amplificador Randall V2XM





É um combo de 30 watts, com 1 entrada e 2 canais, selecionavéis por uma chavinha.
O canal limpo, que tem um bom som clean, tem apenas o controle de volume.
O canal 2 é o da distorção e tem controles de ganho, uma chave de booster e volume.
Tem dois sets de equalização, comuns a ambos os canais.
Um paramétrico com baixo, médio e agudo e o outro, um equalizador gráfico de 3 bandas. Ambos são bastante ativos e consegue-se várias combinações de timbres com eles.

Master volume, entrada para fone de ouvido e usa um falante de 12 polegadas original da Randall.

Na parte de trás dele, tem entradas de send e return (effects Loop),  footswitch e aquelas entradas RCA para Tape/CD.

É um combo desses com a traseira toda fechada e que tem uma resposta muito boa para sons pesados. Segundo ouvi dizer, a Randall é uma marca especializada em amplificadores para Heavy Metal. A sonoridade dele tem aquela coisa risp e cortante. Realmente lembra timbres heavy e por mais que você tente se livrar disso, ela sempre esta presente. Não é um defeito, é uma característica do amplificador. Se a tua praia não é Heavy, ou você acostuma e relaxa com o que conseguir de aproximação ao seu timbre ou então parta pra outro....ou passa a tocar heavy metal rs

Claro que estou sendo extremista, amp nenhum se presta apenas para um estilo, assim como guitarra nenhuma, mas é fato que existem instrumentos e amplificadores, projetados com intenção de soarem melhor e serem direcionados para determinados estilos.
Por exemplo. Jamais compraria uma Ibanez, pois teria pouca utilidade para mim e sua sonoridade não tem a ver com a minha. Não uso humbuckings, não uso alavanca a ponto de precisar de uma Floyd Rose, o braço rápido da Ibanez também não me é confortável, uma vez que gosto e preciso de braços mais gordos....questão de estilo e uso, nada a ver com a qualidade das Ibanez que todos sabem é excelente. E assim é também para determinados amps, que as vezes nem são construídos com esse intuito mas que tem uma sonoridade que se encaixa em determinados estilos.
Amps Fender, Vox, Ampeg... já não são assim tão comuns de serem vistos nessa praia..o que também não quer dizer que não possam ser usados para heavy...basta surgir algum guitarrista usando, com um timbre heavy que ele conseguiu sabe-se lá como e pronto...começam a surgir os seguidores e adoradores. Sempre foi assim, só depende do talento e da capacidade do músico em pesquisar, fuçar e inventar.

Voltando ao Randall, sua caixa é daquelas fechadas, o que da um bom peso e graves. Fiz um teste uma vez e abri a caixa. A sonoridade mudou, é claro. Ficou mais aberta, com mais ambiência, perdeu o gravão e consegui disfarçar um pouquinho melhor o tal timbre heavy. Mas como é um amp desenhado para usar com o cabinete fechado, preferi fecha-lo de novo.

É um amp que segura uma banda barulhenta pesada (barulhenta no sentido de tocar alto) mas é evidente que se você toca Heavy metal e quer ter aquela sonoridade massuda, precisará de mais potência pra trabalhar relaxado e mais falantes. Para tocar em locais pequenos, no reino dos normais, ou até gigs maiores e também em algumas que tem um Q de furada e você tem que pagar pra ver, nisso tudo, um amp pequeno que sôe razoavel é prático, leve e resolve. De visual ele é bem feinho mas isso não é motivo de preocupação...importa que ele fala!

Grupo Hidrante - Até quando - Gravado por Carlos Adriano e Fernando Medeiros


Em 1977 ou 78, recebi o convite para tocar no grupo Hidrante. Uma banda semi-profissional com repertório próprio. Fui convidado para o lugar de Marquinhos Vianna, que tinha saído. Ele era irmão da Malu Vianna, que já postei uma música e falei dela no blog.. pois também toquei com ela e com ele depois.

Carlos Adriano, guitarra e vocal (falecido já), Antonio (Tony-Toninho) Lopez no baixo... quando entrei estava Luiz Claudio, mais conhecido como Blog, que tocou entre outros com o Celso Blues Boy e sua Legião Estrangeira. Ficou um pouco e o Tony voltou.

Creio que o baterista original da banda era o Peninha...que mais tarde também tocou no grupo Herva Doce. Toquei com ele depois no Aramaico.
Quando cheguei estava o Minhoca (Fernando Antônio) e que depois saiu para a entrada de Oscar, que teve problemas.
Tinha ainda Caquico nos teclados (algumas vezes) e Murilo, sax e flauta..algumas vezes também. Além de José Facury Heluy que contribuía como letrista.

Não sei muito sobre a história do grupo.. quando entrei ele já tinha uma estrada. Soube de um show com Paulo Cezar Girão, já conhecia o Adriano..

Conheci outros músicos mais velhos e mais experientes, a assistir seus shows e ter contato com bandas com cara de bandas, não conjuntinhos. Era realmente um mundo novo pra mim.

Fizemos alguns poucos shows.. teve um na primeira praça de skate do Rio em Nova Iguaçú, no suburbio. Dividimos com o Flamboyant do Zé da Gaita. Pena que não tinha ninguém e nem lembro se ou o que tocamos. Acho que rolou uma jam...não lembro mesmo.

Três apresentações na Casa do Estudante Universitário (CEU) que foram bem legais..dois dias de casa cheia e o terceiro...cheia de amigos...

A CEU era um lugar underground onde bandas menos conhecidas tocavam no horário da meia-noite..um horário tradicional de shows de rock nos anos 70.
Tinha um palco bom pra dança..era inclinado...meio esquisito e ao mesmo tempo interessante, pois te projetava mais para o público e vice-versa.
Tocamos umas 3 vezes ali..meu primeiro show na banda foi ali.

Era tudo meio mambembe lá, o que eu sentia que afugentava certo tipo de público..gente fresca.

Na primeira vez que toquei só tinham cadeiras soltas..como tava vazio, não teve briga por nenhuma. No outro show, eles haviam colocado bancos e fizeram com uma inclinação...tipo arena..ficou legal e ajudou nessa projeção com o público, que mencionei. Você via todo mundo..era só olhar.

Num desses últimos shows, acho que no primeiro dia. O Murilo (sax) levou o cachorro dele...um poodle preto maiorzinho...gente boa, o cachorro!

Tinha uma música chamada Fernet e definida como um um tango punk...pelo menos era como como a gente chamava. Na realidade era só uma pegada de rock que colocavamos. Enfim...a letra desse tango surgiu de um vinho que o pessoal levava pros ensaios. Depois de entornar, saiu essa letra e a brincadeira toda. O vinho se chamava Fernet.

A letra falava assim:

Maldita desgraçada
dilacerastes o meu ser
entreguei-me a bebida
covarde a esquecer

Fernet, Fernet, Fernet.

Hoje tu me abandonaste
ainda me vingo de você
....
...daqui não lembro mais

Quem cantava isso era o Murilo. Ele dramatizava, se jogava no show e cantava deitado... e no show quando fez isso, o cachorro entrou e começou a lamber a cara dele...foi perfeito!

Acho que depois disso foi a entrada do Jaburu na bateria, Ricardo Lemmers no baixo e logo depois a banda deu uma parada.

Existem alguns registros de gravações de ensaios, mas não tenho comigo. A única gravação que tenho é esta feita algum tempo depois de forma acústica em um pequeno estudio. Adriano fez os vocais, baixo e violão de 12 cordas...e eu, backing vocal e guitarra.

A música "Até quando", era do repertório da banda.


O Hidrante acabou e fui tocar no Aramaico, grupo que já postei aqui a única gravação que tenho com eles.

domingo, 11 de maio de 2014

THC The Last Show Niteroy 85


Gravação ao vivo do último show realizado pela banda THC. Niteroy 1985.

O THC - Todos Honestos Cidadãos - foi formado por Assad Emily (guitarra, composições...)e Victor (Danger) Gusmão (baixo)
A primeira formação de que tenho conhecimento contava com Assad, Victor, Jorge Victor, (bacalhau) guitarra. José Maurício Ambrosio, o Vermi Ji nos vocais, Ronaldo na bateria e Tania, backing vocal.

Depois, já sem a Tãnia, Mauro (Liberalli) Lauro foi pra bateria e eu entrei no lugar do Jorge.

E depois de uns 4 shows a banda acabou.

Os shows que fizemos com essa última formação, foram:
Um na danceteria Mistura Fina, que ficava na Barra da Tijuca. Um show muito estranho com um público mais estranho ainda.

Fizemos um Play Back, me parece em Campo Grande (RJ).
Sei que era longe. Chegamos meio mortos/chapados e fomos lá fingir. Sinistro..o palco era no formato de uma pista de desfile...um T.

Fizemos as mímicas..acho que 2 músicas...na saída as periguetes (só vi tribufu) tentando nos agarrar. Conseguiram me pegar e quase ganho um beijo na boca...escapei.

Depois tocamos no Circo Delírio, na noite de lançamento do disco "Os Intocáveis", que reunia várias bandas, dentre elas o THC. Sergio Dias, que foi também quem produziu o compacto da banda, estava pelo Rio nessa época e foi operar nosso som.

Não lembro se teve algum outro show, mas o último foi este da gravação e aconteceu no Clube Tamoio em Niterói. Tinham, com quase absoluta certeza, 12 pessoas na plateia. Um galpão imenso, que era ligado a outro igual. Não tenho muita noção de ocupação de espaço...mas pelo tamanho do lugar...acho que cabiam umas 10 mil pessoas tranquilamente. Aquilo lotado seria gente pra burro...ia faltar aparelhagem de som.

O técnico de som, que foi o mesmo que operou as outras bandas no Circo Delírio, nos gravou e somos imensamente gratos a ele...infelizmente não lembro o seu nome. Deve ter sido árduo, pois um lugar daquele tamanho vazio...deve ser osso pra equalizar e manter tudo audível e em ordem..domar eco não é fácil. Com toda a dificuldade que teve, ficou um excelente Bootleg.


Tocamos apenas 4 músicas. Único registro que tenho tocando com eles. A guitarra do Assad é a que esta mais em evidência. Minha guitarra dobrava muitas coisas com o baixo, outras com o Assad e aos poucos estava tendo um espaço maior.

Assad Emily era um grande guitarrista e compositor...além de figura. Tínhamos uma relação muito boa de respeito e admiração, um pelo trabalho do outro, sem contar que Assad tinha uma vibe boa e bom coração. Isso era também uma característica nessa banda...a amizade.

Jorge Victor e eu, montamos nossa primeira banda juntos, por volta de 73, 74...ele tocava bateria. Fizemos muito barulho na casa onde ele morava, em Botafogo.

Em 79, conheci José Mauricio e Tãnia também. Victor e Assad fui conhecer um pouco depois, creio que 82-83. E Mauro Lauro, nos conhecemos na banda.

Victor Gusmão (Danger), que é quem ainda carrega a brasa sagrada do THC, faz alguns comentários sobre a época da gravação do tema do Rock in Rio.

Victor Danger contou...

O clip do Rock in Rio não foi ao ar, devido a política das gravadoras Som Livre e CBS, com o apoio do Eduardo Souto Neto.

O hino do maior festival de rock do mundo não poderia ficar vinculado a um grupo de rock novo, senão aonde ficaria o Eduardo S.N.???

Ninguém fala do Nelson Wellington que fez a letra.

Músicos do Roupa Nova, a pedido do Eduardo, gravaram com o Vermi Ji, cantor do THC, outra versão para desvincular o nome do THC do Rock in Rio. E conseguiram... até agora que comprei um scanner novo.

Sobre o clip para o Rock in Rio, Victor disse.:

Este vídeo não existe mais. Destruíram os takes por ordem de alguém.
Fiz tudo que pude para recuperar. Foram 6 horas de gravação e ficou super legal. Era a semana anterior ao Rock in Rio e ia ao ar no Brasil todo.

Com o fim do THC em junho de 1985, Vermi Ji, Mauro Lauro e eu, fomos para Ubatuba formar o Camaleão.

As músicas do show.

Como isso aqui é um blog de guitarrista, vou dizer as participações minhas e do Assad nelas.

Em "Só em sonho" ...que confesso, não sei se o nome é esse, a primeira guitarra é o Assad, eu faço a harmonia.
No meio eu faço um solo e as outras intervenções e o último solo são do Assad, que mandou ver.

No finalzinho o cara do som aumentou minha guitarra e já que o Assad não tinha ido, fui eu fazer as firulas de fechamento. Acho até que era combinado isso.

Tangerina

Abre com o Assad. No solo do meio são as duas guitarras..depois segue o Assad de novo. Assad fez também o backing vocal.

Rolar pra você

Assad abre com o arranjo dela.
O solo do meio as duas guitarras fazem juntas. Um solo pronto bem legal e bem executado também. Assad era também um grande compositor.

No final, tivemos um pequeno desencontro e logo em seguida, quando o Assad ia começar algo, teve que parar. Acho que teve algum problema nos cabos dos pedais...não lembro mais...e novamente o técnico de som levantou minha guitarra pras últimas firulas.

Rock in Rio

Eu faço o solinho da abertura.
O solo do meio, as duas guitarras faziam juntas em um crescendo muito legal.
E o solo final sou eu de guitarra slide.

Espero que gostem deste raro documento, de uma grande banda Carioca.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Amplificador Fender Deluxe 85





Para quem esta começando a tocar ou mesmo já toca e não tem muita grana mas precisa de um amp razoável, existe uma linha de pequenos combos transistorizados que quebram um galhaço. Não custam os olhos da cara novos e mesmo se a grana estiver muito curta, que só dê pra um usado, existe a chance de conseguir um barato e em bom estado.
Esses amplificadores pequenos costumam ser bem versáteis e seguram a onda para se tocar em lugares como barzinhos, estudios...e mesmo se o lugar for grande, é só microfonar que resolve o problema. Se você tem grana, compre o que quiser mas lembre-se, comprar um amp com configuração a partir de 2 alto falantes de 12 polegadas, pode ser que você não o tire muito de casa. Se o teu lance é hobby, tudo certo, raramente vai sair de casa mesmo. Na prática, se você toca nos lugares, tendo que carregar o amp e descobrindo que não vai usar nem a metade da potência dele, vai ver que não vale o prazer. Se o cara toca com artistas de grande porte, em locais grandes, acho que pode e deve ter o seu set pesado, assim como ele também sabe que em um show menor não precisa levar o set todo...ou nada do set e optar por um combo desses pequenos e práticos. Mas como os mortais tocam mesmo é em barzinhos, eventos de motociclistas, festas variadas... nada monumental e que também não pagam grandes coisas, então é um combozinho de 30 a 50 watts, pra não ficar muito grande e ta muito bom. Você também tem um som legal assim. Não estou comparando amplificadores, estou falando de amps transistorizados de baixo custo e que funcionam a contento. Tive alguns.. uns gostei e outros nem tanto, mas em comum é que seguraram em todos os lugares que toquei. 

Começando pelo Fender Deluxe 85. Não creio que ainda esteja sendo fabricado pela Fender, mas com sorte se encontra algum usado em bom estado. É um amp com visual classudo ou de boutique, se preferirem, bastante versátil e com um som bem bacana. O tradicional cristalino dos Fender.
Tem dois canais que podem ser usados em conjunto, com controles separados. Plugando no segundo canal, você tem sua guitarra limpa e pode mixa-la com o canal sujo. Ou seja, é como se você estivesse tocando com duas guitarras ao mesmo tempo, sendo uma limpa e a outra com distorção. É um recurso bem interessante. Não pesquisei esse recurso a fundo, pra saber das possibilidades e também não tinha o manual do amp, que talvez dissesse algo. O comprei usado em excelente estado, mas sem manual.

Ele vem com um footswitch de 3 botões (de se acessar com o pé, é óbvio)
Usa um falante Fender de 12 polegadas que responde muito bem, tem entradas para o footswitch, pre-amp In, power amp Out e fone de ouvido.
No canal "sujo" você tem controles de ganho, boost, limiter, agudo, médio, (com uma chavinha para acessar um booster para esse médio) grave, volume master e o reverber...que é um capítulo a parte.
É um reverber dinãmico que da um realce na regulagem de timbre que você estiver usando, tornando-a mais bonita..realçando-a mesmo, quase como um outro potenciômetro de tonalidade ou melhor..um leve Enhancer.

O som clean dele é o estilo Fender. Brilhante e bem balanceado, puxa levemente para o agudo e não da ênfase aos médios. Seu canal limpo é simples. Volume, grave e agudo apenas. O reverber é comum a ambos os canais.

Se você usa distorção pesada, talvez precise de um pedal extra...ele não é um amp para heavy, hard...o que não quer dizer que não possa ser usado para esses estilos, mas por sua característica clean e brilhante, falta peso nele. Pra tocar, blues, rock, funk, progressivo, pop...ele se sai bem.
O segundo canal, que tem a distorção, também tem recursos de boost e mid boost, que encorpam a distorção e claro, também alteram um pouco o timbre.

A potência dele é boa, mas não acredito que seja os 85 watts que diz na traseira do amp e conforme o próprio nome diz.
Você nunca tem noção exata da potência de um transistorizado e se ele responderá a potência que diz em sua embalagem. Geralmente o volume deles segura a onda e você não precisa esgoelar o bicho, mas sempre existe a dúvida...ele vai segurar com uma banda que toque alto?

O que posso dizer sobre isso é que eu adoro tocar alto e se consigo tocar com ele no mesmo nível de volume de um baterista que toque alto, sem sacrificar o amp, ele me serve. Com esse Fender rolava e hoje toco com um outro Fender de 25 watts e creia, aguenta também.

É um amp para ser usado com cuidado, pois tem uma certa fragilidade nas peças...em especial nos jacks. Bem acabado, com visual bonito e cuidadoso, não pesa muito e nem é muito grande.
Se achar um em bom estado, não acredito que será o amp dos seus sonhos, transistorizado nenhum é, mas será um belo ajudante. Lembre-se que estamos falando de pouca potência, poucos falantes...ele é apenas um cubo, ou se preferir, um mini amp. Não é como um valvulado, que já na aparência se impôe e principalmente com sua potência real. 30 watts é 30 watts e faz um barulho de respeito.

Aqui no blog tem arquivos de audio com a banda Venia, que estou usando esse Fender de 25 watts que falei acima.
Ouça como ele segura e não cheguei o volume no 5. Dependendo da gravação, talvez tenha usado a guitarra direto nele. No vídeo diz.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Wha-wha Colorsound

A Inglesa Colorsound - Sola Sound LTD, surgiu em 1964 e sua contribuição para a historia dos pedais de efeito é inegável. Continuam fabricando seus pedais vintage, que para um leigo talvez passem desapercebidos e sejam taxados de pedais de boutique, por serem coloridos, grandes... mas não se iluda. Esses pedais tem um imenso poder de fogo.

Vou analisar um wha-wha (2, na realidade) que tive, logo com total conhecimento de causa.

A Colorsound fabricou, não sei se ainda fabrica mas creio que sim... vários modelos de wha-wha. Simples, em conjunto com fuzz, com fuzz e volume...
Tive dois amarelinhos que eram esses combos. Wha-wha, Fuzz e Swell (volume).
O primeiro, uma versão em tamanho digamos normal e o segundo exatamente igual, só que em uma caixa mais larga, mas interiormente e sonoramente eram basicamente iguais, não consegui perceber nenhuma diferênça sonora.
Sua construção era bem robusta, mesmo seu box sendo de um metal bem fino, o que o deixava leve, ao contrario de wha-whas como o Cry Baby e o Vox.

O cursor que movimenta os potenciômetros (wha e volume) feito em plástico, nunca me deu problema e funcionava perfeito. Como em todo pedal de wha-wha, aconselho a não mexer neste engenho, a não ser por absoluta necessidade ou insatisfação com o timbre. Todas as vezes que inventei de fuçar esta parte e tentar fazer alguma alteração, tipo tentando posicionar o potenciômetro de forma que me desse mais grave ou agudo (não tentei isto no Colorsound por não haver necessidade, uma vez que sua sonoridade me agradava completamente) ..enfim, em outras marcas tentei...e me dei mal, não conseguindo ajusta-lo novamente de forma satisfatória.

Os jacks dos pedais Colorsound eram outro capítulo a parte. Mesmo sendo feitos de plástico rígido, eram de uma precisão e qualidade absurdas e caso você precisasse tira-los, podia fazer isso com a mão, sem necessidade de nenhuma chave ou alicate. Tenho alguns até hoje, firmes, macios e sem ruidos, e sempre que preciso fazer alguma troca de jacks, recorro a eles.

Os footswitches do fuzz e do wha-wha, se posicionavam da seguinte forma. O do wha-wha ficava na parte dianteira do pedal e o do fuzz, na traseira, onde se posiciona nosso calcanhar. Existia o risco de você ligar o fuzz quando estivesse usando o wha-wha ou o volume, mas comigo nunca aconteceu e sempre funcionaram a contento. Acredito que tenham feito uma versão deste pedal mais larga, justo para não ter este risco.
Esses footswitchs usados neste pedal, são os únicos defeitos que encontrei, pois eram feitos de plástico e não tinham a resistência necessária a esse tipo de peça. Dois deles quebraram comigo..não interiormente, mas na peça que acionamos com o pé. Ainda deu pra ser usado...bastava pegar uma chave de fenda e acionar a chave, mas aí é uma coisa inviável. Imagine você ter que fazer isso no palco..não tem como, além do ridículo que seria. Tive que trocar os foots.

O volume (swell) tinha o curso suave como deve ser um pedal de volume e funcionava sem problemas.

O Fuzz não era uma maravilha, mas se você não tivesse um pedal desses, uma distorção ou um driver qualquer separado, quebrava um grande galho. Não tinha recursos extras para ele, além da chave para aciona-lo, mas creio que a idéia da inclusão dele no wha-wha fosse apenas essa...ter também uma distorção, caso necessário.

De todos os wha-whas que ja tive ou testei, nenhum se compara a este em termos de timbre. Seguramente sua guitarra soará mais bonita com ele e não descarto a possibilidade de usa-lo apenas como um pedal de timbre, estacionado em algum ponto de seu curso. Usando-o normal como um wha-wha, ele brilha com sua gama de frequências realçadas e ao mesmo tempo suaves. Por exemplo..os agudos e os médios não gritam no seu ouvido e nem os graves sôam ôcos, como alguns wha-whas.
Hoje por ser difícil de se conseguir um pedal desses, opto pelo wha-wha da Vox, que é o mais honesto e de timbre mais agradável e gordo que conheço, mas em termos de beleza de timbre, esse da Colorsound, na minha opinião é imbatível. 

Overdriver Colorsound

Overdriver Colorsound

Lançado em 1971 (a versão 9 volts) permanece como um dos mais poderosos pedais de booster/overdriver já lançados.
Simples em sua construção, contava apenas com controles de grave, agudo e driver. Em sua re-edição foi acrescentado um potenciômetro de volume em sua lateral, para que pudesse ser usado como um pedal normal, pois antes a idéia era: Ligue, regule e toque...e não esqueça de usar o volume do amplificador com parcimônia, pois este pedal tem um pré poderosíssimo e é como se você estivesse ligado no 12 do amplificador...podendo até danificar os alto-falantes, caso esqueça de colocar o volume do amp baixo...bem baixo.
Com a adesão deste potenciômetro de volume, este "problema" foi resolvido.

O grande lance deste pedal, além do seu som, sua clareza, peso, ganho... é usa-lo o tempo inteiro ligado e usar o volume da guitarra como o master. Ou seja: Você tem todo o controle de saturação no próprio volume da guitarra e a medida que o abaixa e limpa seu som, o volume não cai tanto como aparentemente acharíamos que isso iria acontecer.
O nível de variação que seus dois controles de agudo e grave permitem, é muito útil para situações em que vc não tem um bom amplificador e até mesmo quando ligado direto no PA. Neste caso, por experiência própria, peça ao técnico de som para reduzir os médios e agudos da mesa..as vezes zera-los mesmo e deixar que você regule o melhor timbre, usando os controles do Colorsound que são extremamentes dinâmicos. Esse pedal é capaz de transformar um amplificador vagabundo em algo com um som bem razoável...sem contar que seu alto ganho e características, fazem um amplicador transistorizado ter uma sonoridade próxima de um valvulado, realmente quente.
Ele funciona muito bem em ambos estilos de amplificadores, mas tenho pra mim que realmente surpreende em um transistorizado...justamente por não faze-lo soar como tal.

Jeff Beck, eu sabia que usava e recentemente li que Jan Akkerman e David Gilmour, entre outros guitarristas, também usaram e talvez ainda usem este pedal.

Além do alto ganho e da dinãmica que ele possibilita nas mãos de um guitarrista que tenha uma boa técnica e conhecimento, a sonoridade dele é bastante clean e aberta e tem um corte sensacional...você sente as notas rasgando, enquanto alguns outros pedais overdriver tem característica mais aveludada, ou abafada. Ele realmente brilha.

O primeiro destes pedais que tive, tinha a carcaça preta e sem o controle lateral de volume. O consegui em 1977 e levei um tempo para entende-lo em sua plenitude. Depois que saquei qual era a dele, me apaixonei e não quis mais saber de outro. Foi reformado inúmeras vezes, até que as trilhas de sua placa começaram a se soltar. A saída que arrumei foi pedir para um amigo fazer uma cópia dele e para minha sorte funcionou exatamente igual...até sua morte definitiva, no final dos anos 80.
Como a oferta de novos pedais era grande, desencanei e parti para outros, mas nenhum me satisfez totalmente, nenhum dos que testei tinha as características que ele tinha.

Algum tempo depois eu estava insatisfeito com um Rat e a pessoa que quis compra-lo era esses caras que negociam pedais, instrumentos... então conversando com ele por telefone, falei do Overdriver Colorsound que eu tanto amava e para minha surpresa ele tinha uma re-edição. Me parece que o cara não conseguia se livrar dele e como o Rat era um pedal que estava na moda na época, nem pensei duas vezes ou em levar vantagem de alguma forma e trocamos os pedais pau a pau. Saímos ambos felizes da vida.

Senti uma leve diferênça na sonoridade..o primeiro soava mais doce e essa re-edição tinha uma sonoridade mais seca e levemente puxando para o médio, além do controle de volume na lateral e também sua caixa agora era cinza... mesmo assim era bom também. Claro que não resisti em olhar ele por dentro e de cara notei algumas mudanças, como circuitos integrados...o anterior usava 3 transistores. Inquieto e como tinha o esquema e sabia as peças do anterior, pedi a um novo amigo e que manjava bem de eletrônica, para me fazer um. Novamente ficou perfeito e pude comparar realmente a diferença de timbre dos dois modelos. Não sei se porque a caixinha que arrumei para montar o pedal era muito pequena, ele deu uma creca e pifou. Como eu tinha a re-edição e este amigo não tinha muito tempo disponível, preferi não chatea-lo pedindo para consertar o pedal.

Outra coisa interessante sobre este pedal. A bateria dura, meu amigo. E você só sente que precisa troca-la quando ela já esta realmente no fim, pois o som começa a dar umas rateadas. Mas não creio ser uma economia inteligente deixar chegar a esse ponto, o caso é que também nunca soube quanto tempo elas duravam, pois por não sentir diferença no som (exceto como falei acima) você simplesmente esquece que ele usa bateria.

Me divertia também ver a cara de espanto de outros guitarristas vendo o som que eu tirava, com o peso, clareza, saturação e porrada, ligado em pequenos amplificadores transistorizados que ninguém dava um tostão. Achavam que eu tinha mexido no amp ou na guitarra, não acreditavam que vinha tudo do pedal.
Certa vez em um festival de bandas, um amigo passou e escutou o som, mas não olhou para detalhes e foi fazer sei lá o que. No final de nossa apresentação ele voltou e depois veio falar comigo. Disse que não acreditou quando viu que eu estava tocando com um pequeno BAG da Giannini. Para ele eu estava plugado em um Marshall, tamanha potência do meu som. Dei risada, é claro.

Ao contrário dos footswitchs dos wha-whas da Colorsound, o foot dele é de metal, hiper resistente e nunca quebrou ou deu qualquer tipo de problema comigo, apenas existe o inconveniente do "pop" quando o ligamos ou desligamos, ser um pouco alto demais...novamente, cuidado com seus alto-falantes.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Amadas guitarras

Nesses tempos loucos que vivemos, lembrei de como comprei minha Fender..a primeira e única que tenho. E que se encontra hoje enfiada em um armário.  Aqui o motivo. http://portalfernandomedeiros.blogspot.com.br/2014/02/luthiers.html

Como nada acontecia musicalmente, por uma certa pressão da família, consegui emprego no banco Bradesco.
7 meses depois, no final de 1977 pedi demissão. Tinha entrado para o grupo semi-profissional, Hydrante. Uma banda de rock com material próprio e o meu argumento para sair fora do banco. Seria um mínimo de resposta pra minha família...o banco bem ou mal tava me dando algum dinheiro...mas enfim. Pedi demissão.

Com o que recebi, uma mixaria, juntei ao que consegui vendendo minha aparelhagem de som. Queria comprar uma guitarra importada e além de que, precisava de uma guitarra nova pois a minha Giannini Gemini estava no fim...até de cobaia a fizeram...mas deixa quieto que isso aqui não é lugar de contar os podres. 

Vi no jornal um cara anunciando uma Gibson SG Standard 1973, por um preço sensacional..8 mil..eu tava com a grana. Corri lá. Era um americano que tinha acabado de chegar, nem cara de guitarrista tinha e tava querendo vender a guitarra. Linda, novinha..levei na hora. Ainda veio com um slide e uma correia meio chamativa, estilosa...meio feminina, cheia de brilhos...o cara devia gostar de Glitter rock.

Não me saía da cabeça que eu queria uma Fender Stratocaster, então ficava sempre de olho nos classificados do Jornal do Brasil...que era o jornal que líamos em casa. No início de 79 apareceu um anúncio.

"Vendo Fender Stratocaster 1969 por 12 mil"

Tremi.. uma Stratocaster e ainda por cima vintage! Falei com meu pai que a compraria e venderia a Gibson...eu tinha certeza não seria difícil vender. E ele me emprestou o dinheiro.

Liguei pro cara e marquei de ir ver a guitarra. Estava um pouco grilado, porque eu sou meio pé atrás, que poderia não conseguir vender a Gibson e queria pagar o meu pai de qualquer jeito....então pensei..."vou levar a SG e ofereço em troca pro cara...se ele topar, eu só devolvo a grana e acabou o problema".
E fiz isso. Peguei a Gibson, botei os 12 mil no bolso e fui de ônibus para o Alto da Boa Vista...eu estava em Copacabana...seria uma boa caminhada!

Ele morava em um casarão daqueles que tem lá..mansões...tinha grana. Chegando, vi a Strato e me apaixonei na mesma hora. Ofereci a SG em troca e o cara me esnobou...me mostrou uma Les Paul Custon, por incrível que pareça meio feinha e que na realidade não me disse nada, porque eu não tinha interesse nenhum em Gibsons..tava é louco pra sair dali logo com a minha Strato e tocar nela em casa.
Bem, eu tinha a grana e a SG, dava pra esnobar um pouco também. Comprei minha sonhada Fender Stratocaster.

Imagine isso hoje. Alguém indo de ônibus de Copacabana até o Alto da Boa Vista, longe pra dedel, com uma Gibson e 12 mil no bolso...e depois voltando do mesmo jeito, com uma Gibson e uma Fender debaixo do braço...e sem medo praticamente nenhum. Realmente eram outros tempos.

Anunciei a Gibson por 17 mil, vendi por 15, paguei meu pai e ainda me sobrou um dinheirinho bom.
Da compra da Gibson, até o final com sua venda, foi o melhor negócio que fiz na vida...sou craque em perder dinheiro em minhas transações. Não foi a melhor escolha como profissão, mas continua sendo minha paixão e válvula de escape...quando a música é boa e posso tocar com liberdade. Fora isso, é tortura...insuportável, doentio e ridícula em termos de retorno financeiro.
Escolhas erradas, falta de visão, oportunidades jogadas fora, burrice, inveja, inimizades e falsas amizades...tudo isso leva ao fracasso.

Não existia volta...já tinha tirado carteira da OMB, do Sindicato...tava com a guitarra que eu queria..virei músico de verdade.
 

   

terça-feira, 1 de abril de 2014

Pessoas pelo caminho




Quando estamos começando a tocar, sempre cruzamos com alguma pessoa que nos da toques preciosos ou as vezes apenas uma palavra de incentivo, que mexe com nossa vontade de aprender e nos estimula a continuar.

No início conheci dois guitarristas mais velhos um pouco que eu e mais experientes, que tocavam muito bem e eram amigos. Jair e Henrique.

Com o Henrique não tive muito contato..foi convocado para o exército e segundo me disseram na época, fora convidado a tocar com a Gal Costa mas não foi por esse motivo...imagine.
Um tempo depois o que me contaram foi que ele virou Policial Federal.

O Jair vivia com o avô...um militar linha dura que praticamente o proibia de tocar.

As vezes ele me chamava para ir na casa dele fazermos som. Eu ia, apesar de não gostar muito, porque me pelava de medo do velho que me fulminava com os olhos. Mas sempre ia porque além de gostar dele, aprendia muito só em observa-lo tocando.

Ele via futuro em mim e me incentivava. Foi com ele que aprendi a fazer o vibrato com a mão...que fazia muito bem e eu babava. Tinha uma Gibson Kalamazoo creme ou branca, que lembrava uma Fender Mustang...como essa da foto..talvez igual a esta, mas não me recordo direito.
Infelizmente perdi o contato com ambos e principalmente com o Jair, que foi uma espécie de mestre para mim. 

Além dele, não lembro de nenhum outro. Primeiro porque não conhecia e segundo porque eram poucos os guitarristas naquele tempo.
Restou também a curiosidade de saber o que ele fez da vida, que rumo tomou, será que o avô castrador o deixou seguir com a música..não creio e acredito que nunca saberei.


domingo, 30 de março de 2014

Venia Jam Band - Money - Pink Floyd - Free Slide Guitar



VENIA jam band

Somos um trio que por falta de cantor/a fazemos jams...algumas do nada, outras sobre músicas conhecidas, como esta do Pink Floyd.
Já tentamos cantar e vamos tentar de novo porque ta difícil de achar quem cante por aqui.

Pegamos "Money" do Pink Floyd...a música, se desse pegaríamos grana mesmo hehehe e tocamos livremente.

Quem esta cantando sem microfone é o baixista JA Brum e de resto é só free, com algumas coisinhas já incluídas na música.

Tipo....isso ficou legal..vou repetir.

A dinãmica das jams, via de regra é a seguinte:

Brum puxa algo no baixo e vamos atrás. Mauro Lauro, o baterista, viaja na maionese e tem como lema...não prestem atenção em mim... e nessa, as vezes vira um samba do crioulo doido.
Saí umas porradas, mas no geral nos divertimos muito e como estamos nos lixando pra algumas regras...as mesmas que por esse motivo muitas vezes nos desencontramos um pouco, sempre terminamos rindo ou fazendo bulling um com o outro.

As vezes alguém extrapola e fica difícil de tocar...o tempo vai pros car....mas depois nos achamos de novo rs

A parte técnica para quem quiser saber, é a seguinte:

Mauro Lauro usa uma bateria Pearl, com algumas coisas adicionais e toca com 2 baquetas...em cada mão...ele tem 8 braços.

Brum usa um baixo Snake dos anos 70, que tem uma sonoridade única...totalmente seventy, plugado em um combo Hartke.

Esse baixo pertenceu a Paulo Guerra - Baga, Espírito da Coisa, Chá de Estrada.
Depois foi trocado pela aparelhagem de som do Mauro Lauro - Baga, THC, Camaleão, Chá de Estrada, Steel Jam Blues, Venia.
Quem tocou com ele a partir daí foi Michael Striemer - Camaleão, Chá de Estrada.
Agora ta com o Brum - Steel Jam Blues, Venia.

Eu,...THC, Camaleão, .... e Venia. Tô usando uma guitarra Yamaha Pacifica, barata. Barata mesmo, paguei 439 reais na loja alguns anos atrás.
A madeira é ruim e me da problema com captação. Ela não tem corpo.

O braço é bom, as tarrachas sem luxos mas excelente, a ponte o material não é essas coisas mas esta direita...enfim, não é porque é barata que tenha que ser ruim...tirando o corpo e os caps, que no meu caso não chegou a ser um problema porque tenho vários captadores pra testar e troquei alguns. Enfim, em termos de tocabilidade e resposta que estou tendo, pra uma guitarra desse preço ta bom demais.

Na ponte tô com o humbucking que veio nela. Esse humbucking tem uma sonoridade que me agrada.. não totalmente porque não gosto de humbucking nenhum, mas esse achei agradável.
Os singles que vieram nela não curti, então coloquei um Gibson P90 no médio.. e no braço, tinha posto um single que casou bem mas passei pra outra guitarra e o que esta agora não fede nem cheira..nela.

Sem problemas porque só estou usando uma combinação de captadores, o humbucking com o P90, que é onde consegui o melhor timbre com ela. Tenho pra mim que o P90 possa ficar bom também no braço, mas aí perderia o que já esta...seria burrice.

O amplificador que uso nas jams é um pequeno valente, Fender Frontman 25 R, que quebra um galho fenomenal. Esse Fenderzinho puxa pro agudo e pelo cristalino natural dos Fender.

Tem aquela sonoridade de pré equalização de fábrica. Todo amp tem de certa forma. Uns você pode zerar realmente os controles, outros não totalmente. Tipo.. o Marsahall é naturalmente agudo, o Peavey médio agudo, o Fender acho mais neutro e natural, com clareza e brilho acentuado. Daí no caso deste, uso zero de médio, uns 4 de grave e agudo ou no zero ou no três. Outras vezes tudo no zero mesmo. Em todo amp que toco, uso o mínimo ou nada de médios.

Estou usando nessa gravação, guitarra slide em afinação standard, plugada em uma pedaleira ZOOM G1Next, regulados Delay e um Overdriver, só..além da equalização, é claro. Se tem algo embutido, um noise gate, por exemplo, não fui eu que coloquei...veio de fábrica, pois eu alterei uma programação que já existia.

As gravações são feitas com um gravador Micro BR da Boss, que tem um microfone embutido. O bichinho é muito bom.

Gravação feita no dia 26/03/2014.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Wishbone Ash - Live Dates - 1973


Wishbone Ash - Live Dates - 1973

Ouvi esse disco na época de seu lançamento..importado, pois não saiu aqui. Virou um hit entre a banda que eu tocava.

Minha primeira reação foi com o timbre das guitarras do Andy Powell e Ted Turner. Nunca tinha escutado tantos e tão bonitos. Me chamou também a atenção as linhas melódicas de ambas e o bom gosto.

As composições eu curti também, só achei levemente enjoadas talvez por serem muito docinhas...uma característica das músicas deles..essa certa doçura. Com o tempo acostumei.

Não tive músicas prediletas pois todas tinham algo de bacana, principalmente das guitarras e me encantava aquela sonoridade e as sutilezas que eles conseguiam. Gostava também dos solos em duas vozes, das harmonias simples mas que soavam lindas e inteligentes e claro, de como eles usavam as guitarras, fazendo coisas diferentes uma da outra.

Tem bandas que tem duas, três guitarras e não se percebe isso..com eles não tem como não perceber.

O disco abre com a guitarra do Andy Powell em "The King Will Come".
Não gosto de humbuckings, mas Andy consegue tantos timbres com eles, que nem parece estar usando esses captadores.
Logo depois da as caras Ted Turner com sua Stratocaster e pedal wha-wha, também com um timbre sensacional.

As vezes Ted também usava uma Les Paul Custon, mas basicamente era com Fender Strato que ele tocava, assim como Andy que usava quase que 100% do tempo suas Gibson Flying V.

Talvez muito dos timbres que conseguiam estivessem ligados aos amplificadores Orange que eles usavam, mas tudo me leva a crer que o bom gosto, domínio de técnicas, conhecimento de causa, visão, experiência de ambos... tinham mais importância que o amp...até porque também já vi fotos com eles usando outros amplificadores no lugar dos Orange.

E seguem mais 10 músicas onde essa cachoeira de belos timbres continua.

Se você curte guitarras harmoniosas e cheias de personalidade, eis um disco onde o bom gosto reina e belos timbres são apresentados o tempo todo. Timbres que você pode procurar, mas não vai achar iguais em outras bandas.

Ensaios frustrados

Ensaios não costumam ter surpresas e ninguém também espera por isso, mas as vezes acontecem coisas que depois achamos graça.

Lembro de dois deles, bem no início de minha vida musical.

Não existiam estudios de ensaio, então tinhamos que nos virar. Normalmente os ensaios eram na casa do baterista, mas não só...se não reclamassem a gente ia fazendo.

Um dos lugares onde a gente ensaiava era na casa de Yvon Azambuja, que já citei em outra postagem...aliás a casa dele também era o lugar dos encontros e de ouvirmos as novidades musicais em primeira mão, as revistas...

O pai e a mãe, suas irmãs lindas..Dedé e Glaucia..Glaucia mais fechadona e Dedé, super alegre e gente boa...além da Samantha, que eu morria de medo. Um mix de pastor com vira lata, séria e invocada.

Eles gostavam daquela agitação toda, pois ainda tinham os vários amigos das moças e do filho mais velho, que viviam por lá.
O pai, seu Wilson, era também quem as vezes trazia os pedidos desse filho mais velho, também Wilson...pedidos de discos importados..e nós aproveitavamos, é claro.

Então uma certa vez começamos a planejar uma jam...estavamos conhecendo outros músicos e os convidamos. Como não daria pra fazer isso na casa do Yvon, no quarto onde a gente ensaiava, resolvemos fazer a tal jam na cobertura do prédio, que era apenas uma área vazia. Não sei se comunicamos o síndico ou quem quer que seja.

Existia um percussionista chamado Foguete e que era amigo do irmão do Yvon, se não me engano...sei que conseguimos convida-lo. Rezava a lenda que ele tocava com o Gilberto Gil. Então no dia D, levamos nossas tralhas para a tal cobertura e começaram a chegar os convidados. Dentre eles o Foguete.

Chegou cheio de bolsas e sacolas, sentou no chão e começou a tirar instrumentos de percussão e coloca-los em volta de si... além dos normais, um monte de coisas que percussionistas transformam em instrumentos.

Começamos a tocar...alguns minutos depois chegou o síndico e aos berros acabou com a festa. A cara do foguete guardando as coisas, quem viu não esqueceu.  Mas foi uma frustração geral, principalmente a nossa, pois queríamos muito o contato com músicos mais experientes e alguns apareceram...só não tocaram. 

O outro ensaio furado foi em uma guarita militar. Conhecíamos alguém que morava dentro do quartel do exército no posto 6, em Copacabana, e essa pessoa nos ofereceu uma guarita que tinha lá abandonada e ficava em um morro, onde hoje é o parque Garota de Ipanema, no Arpoador.

Fomos...subindo pelo morro com caixas de som, bateria e etc...uma mão de obra dos infernos. Começamos a montar e acho que nem chegamos a tocar ou porque não tinha energia no lugar ou porque apareceu alguém e nos mandou sair dali. Acho que foram ambas as coisas. E tome a descer o morro de volta, cheio de tralhas e frustração.

Hoje é mole, em todo canto existem estudios de ensaio pra alugar e temos até roadies...pagando, é claro. Dos anos 70... só os valentes continuaram rs 


Primeiros palcos

Quando penso no que falar, normalmente me vem lembranças engraçadas...aquelas historinhas as vezes bestas, mas que não te sairam da cabeça..claro, faz parte da tua vida, você estava lá!
Então lembrei minhas primeiras aparições em público.

A primeirona foi em uma clínica psiquiatrica...mais pra um hospício mesmo. Clínica Humaita em Jacarepaguá, Rio de Janeiro, no ano de 1973 ou 74.

Doidos e doidas, alguns pelados, imundície, tudo largado..como deve ser um hospício até hoje.
Pelo "estilo" dos malucos, creio que fosse uma clínica para gente pobre e doidos achados pelas ruas...a maioria parecia mendigos.

Mas imagine como também não devem ter loucos de famílias abastadas, largados por esses hospícios.
Loucos são párias e por isso rejeitados. Deve ser realmente difícil ou impossível, você conviver com uma pessoa biruta.
Tem louco de pedra, louco mansinho, agressivo, hiperativo, louco que aparentemente não parece com louco e devem ter pessoas que a família acha que é louco e manda para esses lugares ou para se livrar mesmo, de pessoas que por serem livres demais parecem loucas.

Chegamos lá.. era um terreno grande com um casarão que lembrava uma escola pública, com anexos.
Onde tocamos era uma especie de pátio coberto, semi fechado.

Começamos a montar nossa pequena aparelhagem e os doidos se chegando com cadeiras e sentando na nossa frente...estavam calmos.

O que me recordo é que tocamos algumas músicas sem nenhum incidente e eles, parece que gostaram. Na realidade não faço a menor idéia se gostaram ou não. Eles pareciam logo em seguida ao final das músicas,  distantes e desinteressados.

Acabamos de tocar, acho que um ou outro doido reclamou um pouquinho, outros aplaudiram ou não fizeram nada e enquanto a gente desmontava o som, um funcionário da clínica foi por trás de nós e ligou uma televisão que estava no alto, na parede.

Os doidos se alvoroçaram e voltaram pras cadeiras.
Apareceu a imagem, bem ruim e o tal funcionário foi tentar melhorar.
Cada mudançazinha que ele fazia, os malucos começavam a gritar...ta bom, ta bommmm....cada pequeno ajuste que ele dava e eles se desesperavam..ta bom, ta bommmm, ta bommmm...
Hoje penso...será que eles ficavam assim porque a imagem da tv era realmente uma M... e qualquer tentativa de melhora poderia ou deixar melhorzinho ou estragar tudo?

Senti pena deles...tudo muito largado, eles não tem ninguém a não ser eles mesmo..acredito.

A banda eramos eu, Ivon Azambuja, Gilberto, Felinto Sergio e Jorge Victor (Bacalhau).. a Fenix...que um taxista uma vez nos levando perguntou o nome. Quando falamos ele virou pra trás e perguntou...aos berros...Pênis? O nome da banda é caralho? Foi uma gargalhada geral e a gente tendo que explicar o certo.

Tinham também os agregados. Maria Ines, que cantava, compunha e tocava violão..tive um namorico com ela mas eu era um...mané. Ela escrevia muito bem e tinha uma música que era um hit entre quem conhecia.

Acordei as 3 horas da matina
pra pegar o trem das 5 na Leopoldina..

.. e ela seguia contando o que aconteceu na viagem. Escrevia bem e a música era bonitinha. Tinham outras boas também, mas é querer demais eu tentar lembrar de algo.
Roberta, que tocava piano...sua irmã mais nova, Ursula, que não lembro o que fazia na banda, mas fazia eu e Sérgio suspirar rs
A gente adorava ela..uma pessoinha legal..e por ser gata, é óbvio.
Não sei se tinha mais alguém.
E foi assim!


Meu segundo show foi com a mesma primeira banda.

Alguém arrumou para tocarmos em um colégio em Copacabana, no turno da noite. Não me recordo a localização da escola..não me recordo de nada desse show...só do Yvon, que nessa época tinha passado pra bateria, caindo do banco em uma música...e de mais nada.
Tenho uma vaga lembrança de que o clima não estava bom...o motivo...já não sei.


Depois do inesperado primeiro show, e do segundo, que não lembro de nada, fiz minha terceira apresentação e esse sim, merecia ser um primeiro show, mesmo sendo só uma música.

Foi em um festival do Instituto de Educação, na Tijuca. Uma construção antiga e bela, com muitos lugares anexos. Um deles é um lindo e grande teatro. Palcão..tudo grande.

A mesma banda, agora tocando com Vania. Quase certeza que se chamava Vania ...ou Vilma....esse negócio de esquecer nomes e etc..é muito chato...enfim, vamos lá!

Ela, uma bela morena estilo mulherão, cabelão pretão...um pouco mais velha que a gente e que cantava lindamente. Ela era da Vila da Penha, lugar que andei durante um tempo tocando mas bem depois, no final dos anos 80. Rolou um clima, mas eu medrei...ela era muito mais experiente, mais mulher mesmo. Eu um adolescente que só queria saber de guitarra e ainda por cima virgem...tremi rs

A banda contava também com uma pianista e a música com que íamos participar, creio que era dela. Infelizmente não tenho certeza de seu nome também, talvez Denise...mas certeza que ela morava em Vila Isabel.

Na hora do festival, teatro cheio...lotado!

Fomos uma das primeiras ou a primeira a tocar.
Nos anunciaram e fomos entrando.

Eu era magrinho (continuo) e tava branquelo meio cor de burro quando foge. Meu tempo de surfista tinha acabado e com ele foi-se a côr.

Um gaiato me viu e gritou..."aí macarrãoooo"
Claro que saquei que era comigo e a platéia também.
Foi uma gargalhada geral.
Aquilo me deixou levemente desconcertado, mas ao mesmo tempo me instigou. Baixou algum santo e fiquei concentradão em tocar.

A introdução da música ou tinha algo de guitarra ou era a Vania que entrava cantando algo...era bonito e com a idéia de ser meio empolgante.. e funcionou...a platéia gostou!
Senti como uma ótima resposta que demos pra eles. Tocamos dentro de nossas limitações, ninguém ali tinha sequer 5 anos de música...talvez a cantora e a compositora sim, pois eram um pouco mais velhas e pareciam já ter alguma experiência...mas nós...os 4, começamos mais ou menos na mesma época...uns três anos antes...ninguém tocava ou sabia tanto assim.

Mas fomos todos bem e deve ter soado harmônico.... eles vibraram na hora, aplaudiram e deram gritinhos...me senti vingado ..e justiça seja feita...sem a linda voz da cantora eu ia ter que engolir o macarrão!
E os outros, incluindo a cantora, só o molhinho rs

Não lembro o que aconteceu, tenho pra mim que a Vania ganhou algo como melhor interprete...não sei em que lugar ficamos.

Foi uma música só, que tenho uma pequena lembrança de como era...se não estou confundindo com alguma outra música, ela começava com algo mais ou menos assim:

Mesmo que eu me lembre.....

Pouco, né? Mas pra mim foi O show..com piadinha e tudo!

Depois dessa, que foi em 74 ou 75, só voltei a tocar em público com o grupo Hydrante, em 77 ou 78...e daí em diante não parei mais.


Lugares - Acapulco em Copacabana


Por volta de 72-74, points como o Baixo Leblon, Lapa... não eram comuns no Rio. Em Copacabana, no posto 6 na esquina da Rua Francisco Sá com Avenida Atlantica, existia um restaurante desses de beira de praia, comuns na orla de Copacabana, chamado Acapulco.

Na quadra ao lado ficava a famosa e na época mal vista, Galeria Alaska. Uma galeria mal iluminada e sempre meio suja, que ia da Av. Nossa Senhora de Copacabana a Avenida Atlântica. Local de cinemas poeira onde assisti muitos bang bangs, em sua maioria Italianos e também alguns clássicos como Easy Rider e outros de música..sem contar os pornôs...que eu sonhava assistir mas por ser menor de idade não podia entrar. Tentei algumas vezes entrar de penetra e consegui duas vezes..não vi nada, antes me botaram pra fora.

Nela existiam alguns botequins, barbeiro, 3 ou 4 cinemas poeira, Boates, lojinhas de quinquilharias para turistas...

Ponto de travestis e prostitutas, tinha uma fauna rica e variante...de moradores a turistas, sem contar os boêmios, os bêbados, gente barra pesada ..enfim, uma misturada de gente boa e outras nem tanto.

Voltando ao Acapulco, sempre apareciam por lá artistas, músicos e muitos doidões. Era época do Mandrix e cansei de ver gente caindo de cara no chão. Ainda bem que essa moda passou ou teria muita gente de nariz e dentes quebrados por aí.

Andava com uma turminha e nosso ponto de encontro era na quadra do Acapulco, ali no calçadão. De noite costumávamos levar violão e tocar uns rockinhos...o Acapulco para nós era só um restaurante na esquina, com uma fauna característica.

Aprendi a tocar Samba de uma nota só com um Francês que estava la e nos viu tocando em um dos bancos do calçadão. Foi até nós pra ouvir e ficou espantado porque só rolava rock. Me pediu o violão e tocou a bossa, que me era familiar, acessando minha memória remota...daí a facilidade com que aprendi a toca-la.

Pedi pro tal Frances me ensinar e ali mesmo e sem muita paciência ele me ensinou..e comentou pasmo. Como vocês que são brasileiros não sabem tocar essa música e eu um Francês, sei? Bem, hoje eu lhe diria o porque na lata!

Uma vez também apareceram por lá dois Argentinos...um com um dobro e o outro com harmônicas. Sentaram em um dos bancos e começaram a tocar blues...chapei...quando estavam indo embora, pedi tipo um flyer ou um mini..bem mini...poster que eles tinham. Se chamava Richie Zelon Blues Band...acho que ainda tenho esse cartaz/flyer em algum lugar.

E o Acapulco foi perdendo o reinado enquanto outros baixos surgiam. 

quarta-feira, 19 de março de 2014

Fernando Medeiros 1982 -1983 gravações de estudio e de ensaio



Em 1982 fiquei sabendo sobre a radio Fluminense FM e também tomei conhecimento de que estava acontecendo uma revitalização do rock Brasileiro.

Não pensei duas vezes e voltei a compor. Não tinha parado, mas ha um bom tempo estava compondo coisas mais mpb... e de rock, apenas minha guitarra dava um pouco a cara nessas músicas.
Não estava curtindo aquilo mesmo, então foi o chamado para voltar as minhas origens.

Não tinha as influências mais modernas de bandas new wave como The Police e nem me interessava por punk rock...aliás, foi ele que me afastou do rock por volta de 1977...e também as próprias bandas que eu curtia, que ou já não existiam mais, ou os discos que saiam eu não gostava muito.

Outro agravante, é que como estavam chegando as bandas novas da Inglaterra, que traziam influências do pop e do rock da era Iê Iê Iê, do psicodelismo viajandão e também imaturo do começo pro meio dos anos 60, as bandas da geração sixty & seventy, que é a mesma, apenas o povo cresceu e amadureceu, estavam sendo descartadas tanto pelas gravadoras quanto pela mídia, e seus discos se tornando difíceis da gente achar por aqui...porque não saiam mais.

Ok, o rock voltou ao início, mas eu já estava pra lá do meio...não ia voltar pra algo que eu não gostava e onde eu teria que mudar tudo o que eu fazia, quiça até o timbre e a forma como regulava o som da minha guitarra.

Os anos 80 foram a era do pedal Chorus e do Delay.
Usei também, mas meu som é básico. Guitarra, amp e um pedal de driver que ficará ligado o tempo todo. Não preciso de mais nada.

Gosto de um wha-wha, sinto falta de um delay, gostaria de ter um Talk Box pra pirar com aquilo, um bom compressor... mas nada disso me cria hoje, ansiedade pra ter. Tenho passado sem.


Meu rock tinha raízes principalmente setentistas...tava meio por fora na época, mas queria que se danessem...eu sabia que tinha gente que gostava e acima de tudo, eu fazia a música que sentia, não pra agradar ninguém ou entrar em alguma panelinha. Apesar de almejar algum reconhecimento, como todos.

Não sou grandes coisas como letrista e muito menos como cantor, mas era eu mesmo cantando e fazendo as letras, ou as músicas não sairiam do papel.

A Fluminense aceitava trabalhos próprios e independentes, então peguei uma das músicas que estava compondo e que era a linha que eu queria seguir e a gravei. Na realidade ela foi a única com teclados e com o estilo um pouco mais trabalhado...as outras eram mais cruas e tinham alguma tendência funk rock.

Para essa música, "Guitarras voltas e revoltas", chamei amigos para gravar comigo, pois ainda não tinha montado uma banda.
Fabio Fonseca no piano elétrico e Mini Moog (hoje além de tecladista, produtor) Sérgio Naidin (ex Miquinhos Amestrados, etc) na bateria e Willian Murray (ex Bacamarte) no baixo.
O resultado ficou bacana, com direito a um duelo de Mini Moog e guitarra e esta música entrou para a programação da rádio.

Feito isso e com mais material engatilhado, comecei a correr atrás para montar minha banda. Fabio já tinha outros compromissos e planos, assim como o Sérgio e também o Willian.

Nesta mesma época eu estava gravando com Marku Ribas e fiz o convite para Helinho Vidal (baixo e backing vocal) e Elcio Cafaro (bateria), que também estavam gravando. Eles toparam e começamos a ensaiar o repertório.

Como a música "Guitarras voltas e revoltas" já estava na programação da rádio e eu por não ter banda estava usando o meu nome mesmo, ficou como estava...apesar de no palco soarmos como um autentico power trio e não como a banda do fulano de tal.

Começamos a percorrer o circuito que existia na época e resolvi gravar mais duas músicas. Achava que tinhamos que ter algo mais direto e comercial para mandar pra Flu. Foi um erro, escolhi músicas que não eram as melhores e sequer representavam o real estilo do trabalho. Uma delas também entrou para a programação da rádio. Overdose Blues. Um rock and roll basico pra encher linguiça e que eu achava que a letra tinha algo de comercial ou que as pessoas cantariam junto o refrão...sic!
A outra música (Os garotos da rua) teve erros...desafinação dos vocais, entre outros...mesmo assim também levei para a rádio...ainda bem que não entrou pra programação.

Fomos seguindo aos trancos e barrancos...era eu também quem corria atrás dos lugares para tocar e quem bancava as despesas... mas não deu pra manter a banda. Helinho também estava tocando no grupo S.O.S e estavam gravando. Elcio estava se tornando um baterista muito requisitado...não sem motivo...e tocava comigo quando dava.

Tive que arrumar substitutos para os shows em que eles não podiam tocar. Para a batera convidei David Filstein, que estava tocando no UPI. Para o baixo, quando Helinho não podia, chamei Sidney Mesmo, que tocava no grupo Vermi e a Fauna Intestinal...grupo que eu também tocava. As vezes David também não podia e Sergio Naidin pegava as baquetas de volta. Convidei depois Sergio Izecksohn para o baixo...David saiu e testamos alguns bateristas mas nenhum nos satisfez. Aí eu já estava meio cansado e falido, me encantei por uma mulher de Volta Redonda, que conheci na cidade de Barra do Piraí e terminei indo morar na cidade do Aço, onde passei o ano de 1984 tocando em uma banda de baile (Cravo e Canela) e abandonei o trabalho como Fernando Medeiros. Hoje acho que foi um erro mas ...já foi!

Neste vídeo/audio estão as músicas: Guitarras voltas e revoltas, Overdose Blues, Os garotos da rua (a que não foi pra rádio) e quatro músicas gravadas em um ensaio com o Helinho e David. Uma balada meio blues que gosto do solo da guitarra, Guerreiro de minha fase mais MPB, e que ficou pesada de power trio e duas com tendencias funk rock...Ja caminhei..que não me recordo o nome certo e Utopia, que deveria ter sido gravada em estudio, no lugar de Os garotos da rua.

Este video-audio é dedicado a memória de Helinho Vidal.

domingo, 16 de março de 2014

Fernando Medeiros Slide Guitar Free Boogie Open D



Agora uma improvisação com levada meio Boogie usando afinação aberta em Re - Open D

Fernando Medeiros Slide Guitar Duanne Allman Tuning +



Gravei este video-audio...só tem o audio...com a afinação que o Duanne Allman costumava usar. Aproveitei e alterei a primeira corda, para mostrar as possibilidades que são muitas. Cabe a pessoa fuçar e descobrir coisas novas.

A guitarra foi gravada direta no gravador Micro BR da Boss...por isso o som meio rachado.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Fernando Medeiros - Slide Guitar - Lazy - Deep Purple Free Open Gm



Interpretação livre de Lazy do Deep Purple, usando guitarra slide em Sol menor. Open Gm

Novamente, desculpem a baixa qualidade da gravação do audio, foi feita com meu note book.

O aparente efeito "phase shifter" vem desta baixa qualidade e não tive como evita-lo.

MAS...todos estes vídeos que estou postando são bem audíveis e se puderem ajudar de alguma forma quem esta aprendendo a tocar slide, já fico imensamente feliz.

Fernando Medeiros Slide Guitar - Voodoo Child Jimi Hendrix Free Open D



Mais um pequeno video usando guitarra slide.
Agora uma interpretação livre do clássico do Jimi Hendrix, Voodoo Child.

A guitarra esta afinada em Re. Open D.

Desculpem a má qualidade do audio. Gravei o vídeo com meu note book.
Ah sim, e também desculpem as pernas abertas...é que o amp estava bem na minha frente e não tinha como me sentar mais... educadamente rs

domingo, 9 de março de 2014

Fernando Medeiros Slide Guitar Come On Into My Kitchen Free Open D



Improvisação livre sobre Come On Into My Kitchen, usando afinação aberta de Re - Open D

A qualidade do audio/video não é das melhores pois foi feita com meu note book, mas acredito que possa ter alguma valia para quem esta aprendendo a tocar guitarra slide.

Fernando Medeiros - Slide Guitar - Improvisação em Open Gm



Pequena improvisação usando guitarra slide em afinação aberta de Sol menor - Open Gm

Este tema não existe, acredito eu rs o criei na hora e fiquei improvisando em cima.

A qualidade do audio não é das melhores pois foi feita com meu note book, mas acredito que possa ser de alguma valia para quem gosta de guitarra slide.

Grandes discos gravados ao vivo - Dave Mason Certified Live - 1976


Album duplo gravado ao vivo em 1976. Saiu no Brasil no mesmo ano.

Dave Mason, ex Traffic, estava com esta banda já ha alguns anos e a quimica dos músicos era excelente.
O disco abre com Feelin Alright, um clássico de Mason e que já foi regravado por dezenas de artistas e bandas...incluindo o próprio Dave Mason, sempre com arranjos diferentes. Também não faria o menor sentido regrava-lo sempre igual.

Não creio ser a melhor versão que já ouvi dele, feita pelo próprio, mas é boa também e daí em diante o disco esquenta. Seguem duas músicas no estilo inconfundível de Mr Mason. Músicas que tem um Q de balada mas não deixam ninguém dormir pois as levadas sempre tem um certo groove.

A última música do lado A é uma regravação de All Along The Watchtower, de Bob Dylan e tem uma pegada sensacional. Seguramente uma das melhores versões desta música.
Rick Jaeger é um senhor baterista e em todo o disco ele se destaca.

O lado 2 do disco 1 é acústico e os vocais, como em todo o disco, se destacam. Abrem com Take It To the Limit do Eagles, seguem com as boas Give Me a Reason Why e a intimista Sad And Deep As You. Depois uma bem conhecida dele, a simpática Every Woman e fechando o lado acustico, volta a eletricidade e o groove com World In Changes.

O lado 3 (segundo disco) abre com o blues Goin Down Slow, cuja a introdução é um pequeno cover de uma gravação deste blues, feita por Ray Charles..na sequencia Mike Finnigan mostra seu potencial como cantor. No solo brilha a guitarra de Jim Krueger usando um talk box, onde ele brinca imitando Louis Armstrong em um determinado trecho. No final Dave Mason passa a ser a guitarra de frente.

Look at you, look at me é a próxima e bem azeitada em seus quase 13 minutos.

O quarto lado abre com a clássica Only You Know and I Know, segue com outro blues, Bring It On Home, cheio de segundas vozes e mais uma vez um solo com Talk Box de Jim Krueger.
Fechando o disco, a velha e certeira Gimme Some Lovin' volta a agitar o ambiente.

Dave Mason como guitarrista tem um estilo simples, não se destaca muito e nem podemos considera-lo como um dos grandes... mas é inconfundível, muito em função do timbre de sua guitarra...estivesse ele tocando com uma Stratocaster ou uma Firebird...que me parece ser a que ele usa neste disco. Se você é familiarizado ao som dele, você reconhece sua guitarra.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Críticos de Rock


Alguns criticos de rock, inventaram que saber tocar bem um instrumento, ser um virtuose, tocar rock que parecesse ser música mais séria não combinava com o espírito do mesmo...ou seja...o rock como música não poderia evoluir. Teria que ficar eternamente nos 3 acordes, mascarados por toneladas de distorções onde ninguém poderia definir se o que estavam tocando era música boa, ruim, ou apenas barulho. A inteligência musical e auditiva que o rock tentasse mostrar estavam proibidas... era a volta pra caverna.

O rock tinha que ser básico, simples, pobre, barulhento, com pose de moderno e sempre curtinhos...mais que 3 minutos tava proibido.

Isso foi aos extremos nos anos 80 e 90, mas não era coisa tão nova assim.

Ezequiel Neves em um número do jornal Rolling Stone de 1972, onde não sei se copiando algum crítico estrangeiro de segunda, dizia que o Yes e o rock progressivo de uma maneira geral, era pretencioso... e aquela charopada toda que a partir dos anos 80, quase todos que escreviam sobre rock e não só sobre o rock progressivo dos anos 70, repetiam feito papagaios com um profundo desprezo e desrespeito pelas gerações anteriores..justo pelas mais criativas que existiram...as dos anos 60 e 70... que na realidade é a mesma. 90% das bandas dos anos 70 começaram nos anos 60...é só consultar a história.

Neste mesmo número da Rolling Stone, ou em outro...Ezequiel Neves babava pela J.Geils Band...uma banda de rock and roll legalzinha apenas, como muitas outras e cuja fama era mais por suas apresentações energéticas do que pela originalidade ou qualidade de sua música.

Os críticos de rock tem essa necessidade de permancer na adolescência, talvez para aumentar seu tempo de vida útil, buscando novos leitores e tentando fazer a cabeça deles...coisa que conseguem muito fácil.

Nos anos 80 fizeram a festa e como sempre achincalhando, ridicularizando, denegrindo qualquer tipo de rock que parecesse estar sendo tocado por músicos de verdade. Ser virtuose então, virou crime.

Concordo que a praga que se tornou o tipo de virtuoso pirotecnico, cujo um dos disseminadores foi o Van Halen, virou um troço chato, uma mesmice exibicionista e um lance bem brega. Mas separemos as coisas.
Existe o virtuoso que pensa em uma direção e existe o genial que vai em direção oposta. Jimi Hendrix, Jeff Beck, e tantos outros como o próprio Van Halen, poderiam ser classificados só como virtuoses? Não!

Esses músicos estavam acima de tudo querendo fazer música original e não ficar no mesmo lugar. Curiosamente a guitarra era o veículo e não poderia deixar de ser diferente.

Nenhum outro instrumento é como a guitarra, que se presta a tantas possibilidades e sonoridades. E ha bem pouco tempo esses mesmos críticos vem tentando mata-la... isso que é pretensão.

Voltando aos músicos que os críticos desprezam, Tom leão no jornal o Globo, várias e várias vezes fazia isso..atacar o rock dos anos 70. Disse até uma vez que ele era individualista...um absurdo.
Aí veio a febre dos djs e ele pra ficar na onda começou a endeusa-los. E eu pensei...existe coisa mais individualista do que um cara sozinho em cima de um palco com suas pick-ups?

O vi também babando por sua banda do coração quando lançaram algo com orquestra...e lá foi ele mordendo a lingua de novo.
Quer dizer que com essa sua banda querida não é pretensão fazer isso? Mas para os primeiros que fizeram é?
Que cara mais incoêrente.

Um outro do mesmo jornal...Bernardo alguma coisa, com a mesma falta de personalidade vinha com seus ataques.
Lembro de uma vez ele falando sobre heroína, colocar o título dúbio. "A droga dos anos 70.... pelo título imaginávamos que iria falar da música, é claro, pois volta e meia ele descia o malho nela... só depois é que víamos que ele estava falando de drogas de verdade. Mas a intenção oculta no título...

Arthur Dapieve. Na primeira vez que vi uma aparição sua em um jornal, (Jornal do Brasil, se a droga da minha memória...) aproveitando a vinda do Jethro Tull ao Brasil, disse com todas as letras.
"O Jethro Tull é das poucas coisas que prestaram nos anos 70"

Tempos depois ele começou a mudar. Disse que gostava do Free, que preferia o Dick Betts (Allman Brothers) ao Eric Clapton (não sei o que um tem a ver com o outro)...começou a citar o que antes negava e tratava como lixo....e começou a falar também de jazz e outros estilos...aí eu pensei... tô fora desse balaio de doido...compreênsível... um cara que diz que a melhor banda do mundo é Echo and the Bunnyman, só pode ser doido mesmo. Mesmo o achando o melhor entre os outros, cansei e parei de ler seus escritos.

Estou longe de achar que tudo o que foi feito nos anos 60 e 70 foram o máximo. Tem coisas ruins, coisas chatíssimas e coisas inexpressivas. Tem bandas que todos amam e eu acho um saco! Certos intocaveis pra mim são só mais um e não os melhores, como a maioria enfiou na cabeça...aliás, muito disso também tem o dedo da tal critica especializada. Mas o caso é que a proporção entre bom e ruim é muito maior para o primeiro.

Ja reparei também que eles sempre citam as letras dos que eles acham os geniais. Da música não falam muito, até porque, também já reparei, que os geniais deles na parte musical são sempre fracos, não cantam nada, não tocam nada.... tudo faz sentido.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Começando a tocar - 2

Todo mundo que quer tocar guitarra, tem sempre uma primeira preocupação. Aprender a solar.

Acho que comigo também não foi diferente e um dos caminhos inevitáveis para aprender, é ouvindo discos que tenham grandes guitarristas.
 
Não lembro exatamente de todos, mas pelo menos 3 discos foram decisivos para mim. Curiosamente os 3 foram gravados ao vivo.

O primeiro, que já citei aqui em algum post, foi o do Rory Gallagher.
Considero até hoje minha aula mais importante, seu solo em "Messin with the kid" do disco "Live In Europe", que ouvi fresquinho na época de seu lançamento.

O segundo, o considero também uma aula de timbres, sutilezas, belezas e bom gosto. O ouvi também na época de seu lançamento, fresquinho, cheirando a novo. Wishbone Ash "Live Dates"..o primeiro Live Dates da série.

O terceiro, já tinha sido lançado mas me chapou e me clareou os ouvidos da mesma forma. Allman Brothers "Live At Fillmore East" em particular na música "In memory Of Elizabeth Reed"...mas não só por ela.

Esses discos foram responsáveis por boa parte do que aprendi sobre como tirar sons, timbragem, como um solo de improviso pode ser interessante...
Tem outros, de outras bandas, mas esses me marcaram muito e acredito que com todo mundo seja assim. Um determinado disco, ou músico, acende uma luz na tua cabeça e você entende algo...é o estopim...aí não tem mais volta.


Começando a tocar - 1



Quando uma pessoa esta começando a tocar um instrumento, entre as dúvidas normais, algumas outras mais ligadas a ansiedade, em querer aprender logo, tocar as músicas que gosta, tocar igual (sic) seu(s) ídolo...enfim...atormentam o iniciante e sua cabeça fica cheia de perguntas e desejos. Comigo não foi muito diferente.

Na época em que comecei a tocar, 1972, tudo era difícil. Professor de guitarra conheci apenas um. Não cheguei a ter aulas com ele pois era  muito requisitado e me parece que trabalhava em estudio. Se chamava Marquinhos, tinha uma Gibson SG e morava na Rua Raul Pompéia, quase esquina com Julho de Castilho no posto 6, em Copacabana. Anos depois tive algumas aulas de teoria com Armenio Graça...o suficiente para aprender a ler e escrever partituras.

Não sei se por ser auto-didata, nunca gostei de ensinar.
Me falta paciência, didática e principalmente dom para isso.
Posso estar errado mas no meu entender, para ser um bom professor você tem que ter também o dom de ensinar e dou muito valor a quem o tem, pois eu não tenho e gostaria de ter.

Aos poucos alunos que tentei ensinar algo, alguns vinham com umas perguntas que eu não me fiz quando comecei a aprender.

"quanto tempo eu demorei para fazer o primeiro solo"

Simplesmente não sei. lembro que nunca me preocupava em tirar solos inteiros.
Minha atenção estava voltada para pequenas coisas como riffs, efeitos, técnicas, pequenos detalhes e coisas que enriqueciam os solos.
Os solos em si, admirava por sua inventividade ou não e nos meus treinamentos minha preocupação era apenas solar aleatóriamente, independente de minhas limitações e pouco conhecimento, mas sempre tentando criar alguma melodia.

Lembro também que tinha minha atenção voltada para solos longos e que fossem realmente criativos. Solos baseados em riffs e repetição de células, eu sequer interpretava como solos, pois percebia que eram todos montados.

Aprendi uma ou outra escala e meus estudos de solos eram na base do improviso, usando essas escalas.
Desde o começo foi assim e claro, também ou principalmente, ouvindo os discos e pegando os detalhes que comentei, aprendendo a como fazer determinada coisa e incorporando isso.

Como não sabia muita coisa de harmonia, colocava dois ou três acordes na cabeça e ficava solando em cima desse acompanhamento imaginário. Não devia sair tão ruim, pois ninguém reclamava. Exceto minha mãe que uma vez me perguntou: Você não toca nada conhecido? rs

Meu vocabulário evidentemente era limitado e isso funcionou de forma produtiva, pois ficava o tempo todo tentando criar coisas novas e isso me fazia arriscar e tentar caminhos que não conhecia ainda. Isso fez com que eu ficasse bem safo nos improvisos e exigente também.

Até hoje me broxa quando percebo que meus improvisos estão deixando de ser improvisos e se tornando caminhos pelos quais já passei. Essa insatisfação me fez também, inconscientemente, me ligar em melodias, pois se eu repetisse melodias no improviso, ficaria evidente demais que haviam deixado de ser improviso para serem frases prontas. E isso terminou se tornando um diferencial na minha forma de tocar. Sempre que improviso, tento criar alguma história nova...se vai ser boa ou ruim, são outros quinhentos.

Gosto por exemplo dos improvisos do Allman Brothers e em especial, gostava dos criados por Dicky Betts, que sempre me levava em seus climas até chegarem ao ápice. Não fiquei bom nisso, em criar esses climas crescentes e emocionantes, mas sei apreciar os que sabem fazer isso bem.

Para aprender a solar fiz dessa forma e o conselho que posso dar,  além de ouvir o máximo de guitarristas que você puder, separando os que valem a pena dos que nada te acrescentarão, é...destrinche o braço da guitarra. Aprenda aonde fazer o mesmo solo no máximo de lugares possíveis. Misture as escalas e não se atenha a nenhuma, apesar do que, as pentatônicas sempre estarão no seu caminho e funcionam.
 
Fique muito atento a digitação, estude-a, observe os caminhos, desdobre-a, enrole-a e faça gato e sapato dela...você pode ir para qualquer lugar e de forma fácil atravez da digitação.
E se descobrir ou criar um caminho de digitação que te de uma liberdade absurda, treine-a até incorpora-la a sua forma de tocar e use-a, pois do contrário, acredite.. você vai esquecer como fazer e depois vai ficar se lamentando feito eu.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Levantando a ponte para tocar slide

Minha idéia com os toques que dou, é ajudar quem conhece pouco mas mesmo assim pode fazer sozinho algumas mudanças em sua guitarra.

Me perguntaram como se levanta a ponte e se coloca as cordas mais altas para tocar slide.

É simples:

Lembre-se que as cordas ficando 2 milimetros de altura em relação ao braço da guitarra, normalmente é suficiente para ter uma boa ação no uso com o slide.

Mas para ficar direitinho, mesmo sem você ter um gabarito desses como o da foto abaixo,é um pouco mais complicado, mas não impossível. Regule o saddle da primeira corda na altura desejada, deixando-o reto..não fazendo nenhuma inclinação. Ou seja, ambos os "parafusos" na mesma altura. Aí você vai para a segunda corda. Coloque o saddle aproximadamente dois milímetros acima do primeiro, lembre-se que os parafusos ficam sempre na mesma altura..não fazem inclinação. O terceiro sadlle, suba aproximadamente 2 milimetros do segundo sadlle. O quarto igual ao terceiro. Do quinto ao sexto, faça o caminho inverso. Não é tão difícil. Arrisque. Tem vídeo no You tube mostrando como fazer isso.

Em pontes estilo Gibson isso não é preciso.

E não tenha medo... nada disso estragara sua guitarra.